quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Mão de Vaca

Esse é o release do novo espetáculo dos Palhaços Trovadores, que me foi enviado pelo Marton Maués:

Os Palhaços Trovadores estréiam novo espetáculo! O MÃO DE VACA é uma livre adaptação do clássico francês “O Avarento”, de Molière, centrada no universo dos palhaços, com estréia marcada para o dia 25 de fevereiro, quinta-feira, às 20h00, no Anfiteatro da Praça da República.Está é a segunda montagem dos Palhaços Trovadores que utiliza um texto de Molière. Em 2006, o grupo montou O HIPOCONDRÍACO, adaptado da obra “O Doente Imaginário”, do autor francês. As propostas se assemelham, na atual montagem a encenação também utiliza como idéia central a chegada de uma trupe de palhaços de um circo decadente com a incumbência de apresentar uma peça de Molière. Sem muitos recursos, a trupe se utiliza do pouco que tem para a montagem da peça: bancos velhos, roupas gastas, instrumentos avariados.

O personagem principal, Harpagon, é um velho avarento que trata mal seus empregados e animais, e só pensa em economizar seu dinheiro e em querer casar os filhos, Elisa e Cleanto, com pretendentes ricos para acumular mais e mais riqueza. A avareza do personagem principal é evidenciada através da pobreza da trupe de palhaços, há anos na estrada.

O figurino dos palhaços é feito com tecido barato, sem muita variação de tons e estampas. Estão gastos e remendados, dando a medida dapobreza da trupe e da avareza do personagem principal. O cenário é composto somente de bancos velhos, recolhidos pelo grupo em feiras e pequenos estabelecimentos comerciais, a maioria trocada por bancos novos com os antigos proprietários. A trupe chega à praça cantando e fica sentada nestes bancos, funcionando como um coro sempre em cena. De lá saem os personagens, cada um a sua vez, para realizar suas cenas e, assim, desenrolar a história.

Harpagon, o velho mão de vaca, quer casar com uma jovem, Mariana, mesmo esta não tendo dinheiro para o dote, o que lhe desagrada muito. Seu filho, Cleanto, está apaixonado pela mesma jovem e fala de seu amor para a irmã, Elisa, também enamorada. Elisa ama Valério, um fidalgo que está à procura da família, perdida em um naufrágio, e que para ficar perto da amada finge-se de criado de seu pai. Mas o velho pão duro pretende casar a filha com um senhor endinheirado,

Anselmo, e o filho com uma rica viúva. Instaura-se então um grande conflito entre eles, cheio de quiproquós e peripécias, resolvidos ao final com a ajuda dos empregados. A poética utilizada pelos Palhaços Trovadores, cunhada durante 11 anos de experimentações e criações do grupo, mescla a linguagem do palhaço a elementos da cultura popular. Como nos folguedos, o grupo sempre introduz o espetáculo com um canto de chegada, uma chegança. O elenco mantém-se em cena o tempo todo, funcionando como um coro, reagindo ao que acontece no centro da cena com os personagens e também realizando a sonoplastia do espetáculo, composta de sons e canções, todas originais e de autoria do grupo. Ao final sempre acontece a tradicional “rodada de chapéu”, esta inserida no contexto da peça, e a trupe parte com um canto de despedida, prometendo sempre voltar. Canções populares e trovas, além de um contato direto com o público também caracterizam o trabalho dos Palhaços Trovadores.

Nas montagens do grupo são os palhaços de cada ator os intérpretes dos personagens das peças. O palhaço empresta, assim, seu próprio jeito de ser e ver o mundo para cada personagem que faz. É o ator que conduz o palhaço que, por sua vez, interpreta o papel.

Como na montagem anterior de Molière, em O MÃO DE VACA o grupo estreitou mais uma vez parceria com o figurinista Aníbal Pacha, que criou peças onde o gibão é elemento central, em tons fechados de

cinza, marrom e azul escuro. Os figurinos passaram por um processo de envelhecimento artificial, com tintas e lavagens e já vêm sendo utilizados pelo grupo nos ensaios desde o início de janeiro. Aníbal criou enchimentos para alguns personagens: barriga, seios e nádegas. Esse recurso empresta mais graça aos personagens e os aproxima do universo das farsescas comédias de rua.

As canções foram compostas durante o processo, tendo à frente o diretor musical e também ator do grupo Marcos Vinícius. Os arranjos e ajustes eram resolvidos por ele juntamente com o elenco. Esse procedimento colaborativo foi utilizado em todos os momentos da montagem, que também é o experimento de doutorado de seu diretor, Marton Maués, que está sendo feito através de parceria entra a Universidade Federal do Pará e a Universidade Federal da Bahia, dentro do Programa de Pós-graduação desta, sob a orientação do professor doutor João de Jesus Paes Loureiro.

Nesta perspectiva, o grupo quis também trazer o público para dentro do processo e, para isso, realizou três meses de ensaios abertos, no anfiteatro da Praça da República e em outros espaços. Nestes ensaios o público podia participar discutindo as cenas, opinando, dando sugestões. Muitas cenas e detalhes de cenas foram sugeridos pelo público nesse processo, que vem sendo documentado pelo diretor em um blog: www.unha-de-fome.spaceblog.com.br. A internet também foi utilizada para a escolha do nome do espetáculo, através da comunidade dos Palhaços Trovadores no Orkut, vencendo O MÃO DE VACA.

O espetáculo fará temporada no anfiteatro da Praça da República de quinta-feira a sábado, nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro e 4, 5 e 6 de março, sempre às 20h00.

FICHA TÉCNICA:

Elenco:

Alessandra Nogueira (Neguinha)

Patrícia Pinheiro (Tininha)

Rosana Darwich (Bromélia)

Sônia Alão (Pirulita)

Suani Corrêa (Aurora)

Adriano Furtado (Geninho)

Antonio Marco do Rosário (Black)

Isac Oliveira (Xuxo)

Marcelo Villela (Tchelo)

Marcos Vinícius (Presuntinho)

Marton Maués (Tilinho)

Atrizes convidadas:

Andréa Flores (Bilazinha)

Joyce Baruel (Baru)

Figurinos e Adereços: Aníbal Pacha

Confecção de figurinos: Sônia Monteiro

Direção Musical e Preparação Vocal: Marcos Vinícius

Preparação Corporal: Alessandra Nogueira

Consultoria: Maria Sylvia Nunes

Foto-divulgação: Janduari Simões

Direção Geral: Marton Maués

Apoio Cultural: Secult/PA, Casa da Linguagem, Escola de Teatro e Dança da UFPA.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Politicagem, não!


O Blog da Franssinete Florenzano tem post sobre a Associação Antônio Juracy de Britto (Sarapó) [que] desenvolve, desde 2001, o Projeto “Sorriso nos Rios”. Idealizada pelo médico Cláudio Britto, cirurgião plástico do HPSM, articula ações de prevenção, tratamento e reabilitação social de vítimas de escalpelamento provocado por acidentes com motores de barcos nos rios da Amazônia - mulheres e, principalmente, crianças ribeirinhas, que desde a mais tenra idade se deslocam em embarcações sem proteção.

Pulem lá e leiam o texto.

O blog é voluntário e conclama a todos que se juntem a essa nobre causa.

Mulher Encontra Torrada em Imagem de Jesus

Cópia integral do Chongas!

Tomografia de Hugo Chavez

Não sei de quem é a autoria dessa charge. Se alguém puder me ajudar, agradeço. Enquanto isso, riam.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Racionalidade Absoluta

Acabo de tuitar que o maior inimigo do homem é sua mente, o ser silencioso e imprevisível que parece agir de forma apartada de nosso querer. Quem, em sã consciência, deseja sentir ciume, raiva, medo ou insegurança? Ninguém opta por isso e, se fossemos marcianos e utilizassemos mais do que os míseros 10% de nosso cérebro, certamente seriam sentimentos extintos, a racionalidade que seria absoluta. Grande parte do ruim que nos assola é fruto exclusivo de nossa mente, do inimigo interno que dormita acima do nosso pescoço e está sempre pronto à certeira rasteira que levará ao fundo do poço. Disso surge a depressão, que te segura no quarto escuro, o medo, que te faz agredir, o pavor e a insegurança, que te congelam e impossibilitam a ação. De tudo achas que deves te defender, um soco nunca certo que tua mente faz crer real. Minha mãe diz que o grande inimigo do homem é sua mente. Cresci escutando isso e fiz verdade absoluta em minha vida. O grande trabalho do homem moderno é ir contra sua falta de razão, manter a racionalidade em sua vida mesmo se o comandante der ordens contrárias. E não esperem que escreva sobre a soluçao do problema, a dica infalível que trará a vitória contra o inimigo. Mais fácil que eu pereça, vítima mais do que certa de suas artimanhas.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A ronda da morte

Assusto-me ao perceber a ronda constante da morte somente quando ela se instala em minha vida, o sebo que insiste em ficar nas mãos mesmo depois de mil lavadas, o pavor que gruda na mente em contínuo imaginar de coisas que preferimos calar e esconder, o dia em que o choro se tornará inevitável.

Na minha casa a morte chegou aos poucos, a visão que já não era a mesma, a fala que falhava e o andar que ficava cada vez mais lento e ralo. E esse processo, desprogresso, avançou até o momento em que o olhar ficou vazio, em que o calar virou regra e o andar virou um restar no fundo da rede, mera sobrevivência.

Aos sábados fazemos festa, ela sempre ali, rede posta onde estivermos. E diante das tentativas de instigar ela cala e sorri, sorriso que pode ser simples reação de alguém que viveu feliz, resposta que nunca teremos pois o segredo do rir está perdido bem fundo na mente que, agora, já é só silêncio!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

De Mosqueiro 03

Belém, 08 de fevereiro de 2010.

Carme (sem o M mesmo, marca de personalidade) trabalhava em casa de família mas queria mais, os poucos centavos e falta de desafios que lhe iam tolhendo na lentidão que revolta os inconformados.

Moradora de Mosqueiro, quase em frente à charmosa Prainha, lugar pouco conhecido e inexplorado da Ilha, pouso certo dos “nativos“ que buscam bom banho, Carme viu a possibilidade de ter o “mais“ quando notou que se vendia um pequeno pedaço de encanto, a barraca de madeira simples que se debruça sobre as ondas de águas barrentas.

Com o sonho palpável, Carme tratou de juntar as pequenas economias, os cofres quebrados e devidamente raspados. E a barraca que antes era da Lúcia passou a ostentar o nome manco de M, Barraca da Carme.

A primeira vez que a vi foi num final de tarde, a mare alta que quase a engolia, poucas pessoas bebericando e petiscando enquanto o sol se punha, o lugar repleto de plantas que me lembrou a mãe e seus vasos. Tive vergonha de parar, sabe lá por qual razão, e ainda tinha pressa de chegar à Vila, a resolução de indesejáveis coisas práticas do viver na Ilha.

No dia seguinte voltei, hora certa para fotos, as ondas no lugar em que deveriam estar! Pedi Guarana Garoto, isca de peixe, e me pus a fotografar o que pude, a conversa que fluia com a Empresária e seu filho, os mil recursos do celular que serviram para quebrar qualquer barreira inicial que houvesse. Ao fundo tocava Vetron da Saudade, os bregas antigos que são bons de escutar, a música que era bem melodiosa ainda.

O Guarana, perfeito; a isca, perfeita. Na beira do rio a vida a ser curtida lentamente, o rio que passa e leva os barcos, as sementes e tudo mais do que é feito Mosqueiro. E assim fiquei e conversei, perguntei e prometi voltar com fotos. Me contou a Carme que nos finais de semana rola festa, sempre com a música não muito alta e sem cardápio certo, a boa cozinha do que estiver bom e for comprado no Mercado logo cedo, a surpresa plenamente aceitável diante da cozinheira que não erra a mão.

E assim Carme comprou um sonho, um pedaço onde se pode sentar e ver o dia passar, tomar Guarana Garoto e petiscar coisa qualquer que vai ser boa. E assim vou descobrindo coisa boas na Ilha de Mosqueiro, que se não fosse o tempo e a distância, seria minha morada certa.

Fotos: Fernando Gurjão Sampaio

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De Mosqueiro 02

Belém, 02 de fevereiro de 2010


Durante anos foi passeio habitual descer a rua do aeroporto até à praça da Capela do Sagrado Coração de Jesus, igreja minúscula que sempre estava fechada. O objetivo da caminhada era chegar à praia do Farol, os meninos em busca das melhores ondas que o final da tarde nos oferecia em Mosqueiro.

A Capela sempre esteve lá, marco do ponto final de nossa caminhada, a água que logo avistaríamos. Mas apesar das inúmeras vezes que por ali passamos, certo é que a primeira vez em que percebi seus detalhes foi em visita inesperada no dia 02/02/2010, um dia qualquer das minhas férias, caminho já traçado para comer tapioca na Vila.

A Igreja é linda, rodeada de belezas únicas e surpreendentes, plantada que está no coração da rua mais movimentada da Ilha. Construida em 1909, reformada em 2000 por iniciativa de uma Gráfica particular de Belém, a chave da Capela fica nas mãos de um dos moradores das redondezas que se prontifica a abri-la para os poucos frequentadores que quiserem alguns minutos de reza.

São poucos, mas orgulhosos da beleza que os acolhe, a joia rodeada de encanto e quase sempre esquecida pelo olhar, a pressa de sempre ao dirigir e prestar atenção nas curvas do caminho.


Fotos: Fernando Gurjão Sampaio.