segunda-feira, 31 de maio de 2010

Casamento Homessexual

O primeiro-ministro português, José Sócrates, afirmou hoje, 31 de maio de 2010, que a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo torna a sociedade "melhor", defendendo que "nenhuma questão, nem social, nem econômica, deve servir de desculpa" para não avançar "no campo dos direitos".
"Está não é uma lei que visa distinguir este ou aquele grupo na sociedade, é uma lei que reduz as desigualdades, a discriminação no nosso país (...) É uma lei humanista", resumiu, no dia em que a lei que permite o casamento entre pessoas do sexo foi publicada no Diário da República de Portugal.
Quem sabe agora que foi dado o exemplo pelos irmãos portugueses, não se perceba que o casamento homossexual não é nocivo, algo que possa "destruir a instituição Família". Nocivo é o preconceito, isso sim, sem falar em diversas e verdadeiras familias que são discriminadas pelo simples fato de serem "diferentes".

A nova Arca de Noé


Robert Gabriel Mugabe é Presidente do Zimbábue desde 1980. Chegou ao poder por meio do voto e desde então vem centralizando o poder em suas mãos, esmagando opositores e desenvolvendo uma ditadura deslavada, das muitas que brotam em solo africano. Mugabe não é um leigo, um simples chefe tribal sem conhecimento das coisas - ele foi professor primário no Zimbábue (antiga Rodésia), Zâmbia e Gana, tem diploma em Inglês, História e Educação em algumas das melhores universidades da África e obteve licenciatura em Economia na Universidade de Londres. Sua ditadura teve inspiração marxista, convenientemente abandonada logo após a queda da União Soviética. Dito isso, repito - não se trata de um leigo. Seis meses após chegar ao poder, em outubro de 1980, como forma de esmagar de maneira mais contundente seus adversários, Mugabe pediu ajuda a um de seus colegas, o então Presidente da Coréia do Norte, Grande Líder Kim Il-sung. Foi criada então a terrível V Brigada do Exército do Zimbábue, grupo carniceiro quase inteiramente composto de guerrilheiros da etnia shona, a mesma do Presidente.

Em agradecimento a favores prestados, o Presidente do Zimbábue presenteia o Presidente da Coréia do Norte com uma Arca de Noé

Isso possibilitou, em grande parte, que Mugabe continuasse comandando o Zimbábue quase que sem atropelos. E como forma de retribuir a ajuda dada à época, Mugabe resolveu presentear o atual presidente norte coreano, Querido Líder Kim Jong-il, filho de Kim Il-sung, com um presente inusitado, no mínimo: uma Arca de Noé. Isso mesmo - o Presidente Mugabe determinou que fossem capturados e enviados à Coréia do Norte casais de cada animal que habita em seus domínios, mais precisamente o Parque Nacional Hwange. Enfrentarão a viagem marítima de 11 mil quilômetros até sua morada final, o Jardim Zoológico de Pyongyang, casais de zebras, hienas e elefantes (estes com 18 meses de vida, ainda intensamente dependentes das mães), além de diversos outros. Segundo especialistas em vida animal, muitos dos selecionados não resistirão à viagem e outros morrerão por conta da não adaptação ao clima da Coréia do Norte, completamente diferente da África Austral.

"Muitos dos selecionados não resistirão à viagem e outros morrerão por conta da não adaptação ao clima da Coréia do Norte"

E quem se importa com isso? O Presidente Kim Jong-il, que tem fama de maluco e deve estar feliz com os bichinhos que ganhará? Ou o "esclarecido" Presidente Mugabe, ditador vitalício do Zimbábue e a quem caberia a proteção dos tais animais, dirigente "esclarecido" pelo menos em currículo? Não. Eles não. E o que nos resta? Lamentar e torcer que os animais cheguem vivos. E que em bendito golpe de sorte, os selecionados consigam sobreviver no clima inóspito que lhes será imposto pelos dois Presidentes, ditadores amalucados que deveriam, eles sim, estar atrás das grades.

sábado, 29 de maio de 2010

Domisteco no Senado Federal

O texto sobre o assalto que eu sofri, que vocês podem ler aqui, foi lido pelo Senador Flexa Ribeiro em pronunciamento no Senado Federal, no dia 19 de maio de 2010. Para quem quiser saber mais, aqui está a íntegra do pronunciamento.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Chuva de livros

No Centur, está chovendo livro. Trata-se do programa "Chuva de Livros", pelo qual você troca um livro usado por outro livro usado, dentre os disponibilizados pela Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves. O sistema é simples: o interessado vai até o Centur e leva um livro usado até o dia 24 de maio. O livro será trocado por um bilhete, instrumento que o participante utilizará nos dias 27 e 28 de maio, data do evento “Chuva de livros”. Nesses dois dias, o Hall Ernesto Cruz (1º andar do Centur) será espaço para um grande centro de troca dos bilhetes por livros usados. O evento ocorre das 8h às 14h, em ambos os dias e, além de propiciar o lugar para a troca de livros, será uma ocasião para o debate cultural e literário. Ou seja - você leva o seu livro usado, em bom estado, que não quer mais, e pode escolher a mesma quantidade de livros que deu, dentro os livros que outras pessoas deram. Maravilha, heim?
"Variações do projeto já são realizadas em outros estados e países. O movimentoBookcrossing (www.bookcrossing.com), por exemplo, já possui mais de 860 mil adeptos em cerca de 130 países ao redor do mundo. O bookcrossing também aposta na simplicidade como estímulo ao consumo da literatura: uma pessoa deixa um livro em um local público, alguém leva o livro, aproveita a leitura e depois o deixa novamente em via pública. Alguns movimentos aqui no Brasil seguem a mesma linha, tais com o Livro de Rua (www.livroderua.com.br), da ONG Ciclos do Brasil, ou o “Livro errante” (www.livroerrante.blogspot.com), iniciado por uma dona-de-casa de Recife, e que já se espalhou por outras cidades brasileiras. Serviço: Os interessados em participar do projeto “Chuva de livros” devem entregar seu livro na Gerência de Promoção Editorial (4º andar do Centur) até o dia 24 de maio. O evento de troca de livros ocorre nos dias 27 e 28 de maio, das 8h às 14h, no Hall Ernesto Cruz (1º andar Centur). Mais informações: 3202 - 4376"

Informações chupadas descaradamente do site da SECULT, dica da Madelaine Bedran Maklouf de Carvalho, a Madi.

A advogada

Um médico saiu para caminhar e viu a velhinha da foto sentada em um banco, fumando um cigarrinho. O médico se aproximou e perguntou:
"A senhora me parece tão feliz... Qual o segredo de tanta felicidade?"
Ela respondeu:
"Veja bem! Sou advogada, durmo às 2 da manhã redigindo peças e me levanto às 6 da manhã. Nos fins de semana não pratico nenhuma atividade física, nem me divirto. Faço Madados de Segurança, Ações Trabalhistas, Pedidos de Liberdade Provisória e 'Habeas Corpus', todo final de semana, sábado e domingo, feriados também. Não tomo café da manhã, não almoço e nem janto direito, por total falta de tempo."
O médico então exclamou:
"Mas isso é extraordinário. Quantos anos a senhora tem?"
"32" - lhe respondeu a velhinha!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Como as mulheres imaginam o futebol

Love na Vila
Ronaldo assina com os Rangers
Pato na mira do Arsenal
Palmeiras atrás de Ronaldinho
Boca quer Dentinho
Riquelme no Cruzeiro

Dica do Adriano Diniz



terça-feira, 25 de maio de 2010

Fotonovela Tosca n.º 03 - "O Iluminado"

Eu tentei enforcá-la...

Eu tentei empurrá-la...

Eu tentei, mesmo, projetá-la...
Mas meu surto de "O Iluminado" passou e eu só consegui 'amá-la' - @andremarmota está de prova!

Fotonovela Tosca n.º 2 - Saudade do jambu


Elis era uma pessoa triste, a falta absurda de jambú em sua vida, a impossibilidade material de tomar um mísero tacacá na cidade de Sumpaulu. E assim ia vivendo a paulistana mais paraense do que muitos nascidos aqui pelas bandas do Jurunas ou da Pedreira...
Mas eis que em um belo dia cinzento de inverno, a tardia cavalaria chega montada em um isopor de 37 litros, carregado de gostosuras mil. Tocam a campainha e esperam, ansiosos e felizes por saber estar cumprindo com o dever sagrado de alimentar quem tem fome.
Em um pulo sobre-humano, a antes entristecida Elis pressente, com o tocar do sinalete, que sua vida mudaria. E tal qual a mulher que está prestes a ganhar o mais lindo buquê de flores, Elis se imagina arrumando os vasos para o breve descanso do jambú, antes do tacacá.
Correndo à porta, quase sem conseguir parar nos limites necessários, Elis se joga e se entrega à esperança de que não seja somente mais um vendedor ambulante de milho verde, destes tantos que perambulam pela cidade e se proliferam tal qual pombos e ratos.
"Oh! Meu bom amigo Fernando. Inteligente, altivo, esperto e sagaz como só você é capaz de ser. E acompanhado da sábia Tainá, famosa guerreira da tribo Tupi-Guarassuco. Sabia que me salvariam com um esferovite de bom tamanho, repleto de gostosuras"
Nenhuma força do mundo seria capaz de segurar a ânsia da saudosa Elis, a exploração diária na cobrança de 20 reais por um pequetucho maço de jambú de segunda.
E cada movimento era uma descoberta de sabores e sensações. Com a tampa que era jogada para longe, a sala se completava e se enchia com os cheiros mais diversos vindo do Pará.
"JAMBÚÚÚ"

E assim termina nossa segunda fotonovela. Quem não gostou, que faça uma melhor.

Belém, o retorno

Campos do Jordão é uma cidade linda. Muito me parece um parque temático para adultos, um paraíso de compras e comidas elaboradas, vista e clima perfeito. Ficamos em um hotel hiper confortável e com serviço espetacular, quarto amplo e vista panorâmica da cidade. E não mentiria se dissesse que, na manhã de segunda-feira, hora de levantar e seguir para Belém, a vontade de arranjar um emprego e ficar por ali era grande. Voltar para Belém, depois do assalto e com seus infernais 40 graus, foi uma afronta descarada. Hoje de manhã, ao acordar para vir ao Banco, bastaram 20 minutos depois do banho para estar “pingando” de suor. Mais tarde, com calma, postarei algumas fotos e farei alguns comentários, além de postar uma nova Fotonovela, estrelando a Elis Marchioni e sua paixão por Jambu.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

No aeroporto

Incrível como certas coisas acontecem - sem combinar nada, encontro o Alexandre Lima, primo querido, que vai no mesmo vôo. E ainda terei oportunidade de me despedir do amigo Marcos Castello, que vai embora de Belém, morar em Santarém.
Na mala, pequenas coisas para a Elis Marchioni, Jane Murback, Maick, Gustavo Viana e Brito Neto - seis litros de tucupi, um quilo de camarão, dois litros de farinha de tapioca, um quilo de doce de cupuaçu, maços de jambu e chicória, pimenta de cheiro, bombons de cupuaçu, bacuri e castanha, cheiro do Pará, mel de abelha de Curuçá, pupunhas e um quilo de castanha do Pará.
Bem certo que quase tudo isso é para a Elis, a única que me fez pedidos, dona quase que única do isopor de 37 litros que levamos. Mas se alguém quiser os quitutes, está convidado para o café da manhã nesta sexta-feira, dia 21 de maio, na casa da Elis (estou convidando todo mundo, viu Elis?).
É isso!
Depois mandamos notícias mais quentinhas.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Palavra do Dia n.º 29

Descompassar, verbo transitivo.
Dele surge descompassado, aquilo que foi tirado do compasso, tirado de sua órbita, de seu eixo.
Compasso. Movimento, andamento regular ou cadenciado.
O andamento regular é interrompido pelo medo de tudo e todos.
Cadência? Não há mais! A minha cadência, o meu compasso, todos tortos ao me desviar do perigo que me rodeia. Minha filha e namorada estão fora de seus eixos.
Vida compassada é de bandido: sempre tem vítima dando sopa; se der azar, e somente se der azar, vai preso; e se preso for, fica livre logo logo.
E quem está por detrás das grades mesmo?

terça-feira, 18 de maio de 2010

O assalto e a menina

E-mail que Maria me enviou, minha filha de 09 anos, na segunda-feira, 17 de maio de 2010, dois dias depois do assalto relatado abaixo e assistido por ela, graças a Deus, de longe.
Papai. Estou traumatizada com o assalto de anteontem, morrendo de medo disso. Agora eu faço tudo em lugares "desestranhos". Ontem, quando vim pra casa com o tio rodrigo da mamãe, pedi pra entrar na garagem por causa do medinho de assalto relampago, sequestro. Desculpe por falar isso, sei que ainda está com medo de sair a noite ou algo assim. Mas quero desabafar meu medo de ontem. Eu chorei até ficar rouca de chorar. Quando você chegou, eu corri o mais rápido que eu podia. Te amo.
Beijos.

O Posto 21

Para o teimoso, nada parece teimosia. Sempre com um motivo fundamentalmente cheio de razão, o teimoso finca o pé no terreno do ilógico, segue seu caminho, e não adianta que lhe digam, lhe alertem ou peçam uma simples reconsideração. Aos olhos do teimoso, sua razão é absoluta e nada é capaz de demover-lhe de seus planos. Eu, por exemplo, tenho plena noção de que sou teimoso. Mas só percebo essa característica quando, já arrependido, pondero e penso que podia ter escutado e tomado a decisão com mais calma. Escrevo tudo isso para explicar como me vi perdido, por volta de onze horas da noite de uma segunda-feira, em um trecho escuro e molhado da BR-316.

Na terça-feira, 03/05/2010, pela manhã eu teria uma audiência no município de Igarapé-Açu, longe uns 120 quilômetros de Belém. Em tese, e somente em tese, eu conseguiria percorrer essa distância em cerca de duas horas – informações que me foram passadas pelo GPS do Iphone. Mas como a audiência era cedo e eu não conhecia o caminho, optei por dormir na cidade e, com calma, acordar tranquilo e em paz. Estava decidido: após resolver uma série de pequenos problemas, pegaria a estrada ruma à terra do grande igarapé. E como quase nada sai como planejamos, os probleminhas se alongaram, mais problemas foram aparecendo, e acabei saindo de Belém às nove da noite, chuva farta por todo o canto, chuva chata que me acompanharia por todo o trajeto.

Aqui faço importante observação – o GPS me mostra o caminho mas não me dá referências. Assim, resolvi ligar para quem conhecia o caminho e me informar. Todos foram enfáticos – “Ah, amigo! Não te preocupa. Basta seguir na BR e pegar a PA-127 que fica bem ao lado do Posto de Combustível 21, depois de Castanhal. Segue reto nesta estrada do Posto 21 e, depois de uns 20 minutos, estarás em Igarapé-Açu.

Me sentindo confiante – imaginando esse Posto 21 como algo nababesco, verdadeiro marco a servir de referência, iluminações mil na beira da estrada – seguia pela BR tranquilo, sem nem me preocupar muito com a obrigação de procurar. Passei Benevides, Santa Izabel, Castanhal e, enfim, deveria me deparar com o afamado Posto 21. No GPS vi o pontinho azul que era eu seguir reto até passar pelo lugar onde deveria estar a PA e, consequentemente, o Posto… Nada. A estrada era só breu e chuva. Mais adiante, uns 20 quilômetro, já em Santa Maria do Pará, parei. Encostei em um posto da Polícia Rodoviária Federal e pedi orientação a um desconfiado Policial. Ele me disse que tinha passado a PA, que ficava logo atrás! “Mas meu senhor… Juro que vim prestando a maior atenção, mas não vi nada. E vim tranquilo, procurando um Posto 21, o senhor conhece?“ O que daria para ele não ter feito aquela cara de pena: “Mas você não viu o Posto 21!? Ele fica bem ao lado da estrada. Achou um, achou outro“ Ciente de que havia feito besteira, me resignei e voltei. Abri as janelas me submetendo a uma molhadeira geral, a chuva que não passou desde Belém, e fiquei atento. Olhos de lince, pouca velocidade, dirigi, dirigi e nada encontrei. Será que a referência que todos me davam, o Posto 21 ,que deveria ter ao menos uma dúzia de lâmpadas, havia sido tragado pela escuridão? Pelo GPS acompanhava, tristonho, meu pontinho azul avançar a passar por onde deveria estar a estrada. Passei novamente! Mais adiante vi um grupo de caminhoneiros parados, acho que reparando o defeito em um dos veículos que seguia em comboio – “Amigos, estou perdido! Quero chegar em Igarapé-Açu mas não encontro a PA-127. Podem me ajudar?“ Dito isso, imaginem a raiva e frustração que senti quando todos, coro mais do que perfeito, responderam a uma só voz: “Do lado do Posto 21, não tem erro!

Resolvi voltar com menos velocidade ainda, a vergonha ao imaginar não encontrar, mais uma vez, a dita estrada, e acabar novamente no posto da Polícia Rodoviária Federal, a cara de pena que me fez o Policial possivelmente transformada em cara de desprezo diante de minha incapacidade de encontrar a estrada.

Janelas abertas, chuvaral que entrava, o painel marcava 40 quilômetros/hora e a escuridão castigava meus olhos já cansados. Tenso, olhava cada palmo da estrada como se disso dependesse minha vida. De repente, não mais que de repente, no meio do breu vislumbro um prédio acanhado, nada de muito grande, nenhuma luz que pudesse sinalizar vida ou a possibilidade de informação. Decidi entrar e ver o que era e, para meu espanto, me vi no pátio de abastecimento do que devia ser o tal Posto 21. Maldição! Mil vezes maldita a imaginação humana que te faz crer no palácio iluminado à beira da estrada, as setas luminosas que indicariam o caminho. E ali estava eu, em um acanhado posto de combustível, cheio de nada e sem luz qualquer.

Menos ruim que, agora, bastava encontrar a estrada que deveria estar ali do ladinho, nada mais certo. E da fato ela estava lá, cheia de buracos, sem nenhum poste que me aluminasse a frente, a chuva que não parava de molhar o caminho e os olhos que pediam descanso. Não preciso dizer que pela curta estrada não encontrei uma placa seguer, nenhum rabisco em muro qualquer que me confirmasse estar seguindo no rumo certo. E como não tinha opções, segui.

Dentro em pouco cheguei em Igarapé-Açu, a estrada fantasma que ficou para trás, viv’alma que não vi durante todo o trajeto. O Hotel do Salles foi fácil de encontrar, um mundarel de placas que lhe fazia propaganda e me indicava o rumo certo.

Me registrei e, já no quarto, mais um susto: ”onde está meu paletó?” Irremediavelmente pessimista, achei que minha “beca” tivesse voado pelas janelas, a maior parte do caminho abertas, a desgraça de me imaginar sem roupa para o dia seguinte. Revirei tudo, me enfiei por todos os recortes, reentrâncias e buracos do carro e nada. E quando já estava prestes a voltar na estrada, a esperança do burro que acha possível encontrar a roupa perdida, me aparece o recepcionista com a farda sumida na mão, dizendo: “Doutor, o senhor esqueceu seu terno na recepção“ Alívio! Nem tudo estava perdido.

E foi deitado em minha cama, no quarto cheio de osgas brancas, que cheguei a essas conclusões. Do que adiantou ser teimoso, ir contra todos e partir no meio da noite, chuva e escuridão que me fatigaram ao ponto de, no hotel, dormir quase desmaiando. A perdição no meio da estrada desconhecida e o GPS que, de tão inteligente, se cala quando você mais precisa. De tão tenso, durante todo o caminho não pensei em minha teimosia. Mas juro que refleti um pouco quando o escuro serviu para me relaxar, os olhos que finalmente descansariam e a chuva que batia no telhado e não me molhava mais.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Chegou a minha vez - fomos assaltados

Sábado fomos roubados, eu e Tainá, minha namorada, justo em frente à casa dela. A comemoração que as crianças fizeram ao nos avistar chegar, da sacada, não tardou a se transformar em completo desespero quando três homens armados nos abordaram. Dois deles estava distantes cerca de 15 metros, como se estivessem atravessando a rua, e não lhes dei muita importância. O terceiro, que estava armado, saiu das sombras de outra esquina e, mostrando um revólver enferrujado, mandou-nos voltar ao carro. Resolvi ser enérgico, sem ser agressivo, e disse: “deixem ela ficar”. A primeira resposta foi um sonoro não, ao qual não me rendi: “por favor, deixem ela ficar, levem só a mim”. Sabia que poderia suportar bem um bocado de coisas, mas não suportaria e provavelmente reagiria a qualquer maltrato ou abuso contra minha namorada. Não sei se diante à minha firmeza, concordaram em deixá-la, mas a afirmação de que somente eu iria despertou nela um sentimento de proteção desmesurado – diante de três bandidos armados, ela se postou diante da porta do motorista e, a plenos pulmões, gritava que eles não me levariam. O bandido que estava ao meu lado, como quem pede o açúcar na mesa, se dirigiu ao que estava armado e disse – “me passa o ferro que eu vou matar ela”. Tive que fazer alguma coisa e eu mesmo a peguei e tirei da porta, a coloquei na calçada e disse: “deixe eu ir”. Queria mantê-los longe de tudo e de todos, partir para qualquer lugar que fosse distante o suficiente. Já no carro, nós quatro mantivemos a calma e fomos conversando por todo o caminho – eu informava o que faria, eles nem tocaram em mim. Disse que colocaria o cinto, que ligaria o ar e acenderia a luz. Eles me ofereceram o celular para ligar para a Tainá e informar que estava bem. E o celular dela tocou na bolsa - obviamente – a perda material que se avolumava. Encontraram meu computador, um resistente MacBook de uns três anos que estava no carro por acaso. Pedi: “deixem o computador, tem toda a minha vida aí dentro”. A resposta, mais do que cortês: ”Não podemos. Temos que levar tudo”. Disseram que deixariam os chips dos celulares, assim como documentos e cartões. Mas como se tratavam de dois Iphones, que necessitam de uma chave especial para a retirada do chip, me informaram que, infelizmente, não poderiam fazer aquela camaradagem. Meus documentos ficaram, mas os da Tainá foram levados, acho que por preguiça de revistar em minúcia a enorme carteira feminina. Perguntaram se meus óculos escuros eram valiosos e respondi que eram de grau. Foram jogados em um canto. Fui informado do lugar onde deveria deixá-los, que eles queriam “somente fuga”, e assim seguimos. Mantive a calma, conversei com eles todo o tempo, e até parei o carro longe da visão de uma viatura, a parada incômoda no sinal que se fazia necessária. Queria deixá-los em algum canto e seguir com minha vida, e o que menos queria era encontrar com um carro de polícia que me transformasse no refém com a arma na cabeça, a imagem estampada na capa do jornal de segunda-feira. Chegando ao local que inicialmente me foi informado, ocorreu uma breve discussão e resolveram mudar o ponto de desembarque. Nova andança, novo local, mais martírio. Tive a sorte de lembrar da trava de crianças nas portas traseiras e informei ao bandido que estava ao meu lado – “você sai na frente e abre a porta para eles, sem muito alarde para não chamar atenção”. Me agradeceram. No local combinado, tudo feito de acordo com o que tínhamos acertado, desceram do carro e ainda me agradeceram: “geralmente a gente leva a chave do carro, mas como tu foi bacana, não vamos levar a tua. Obrigado e desculpa qualquer coisa”. Fiz um tímido sinal de ok com a mão, perdido e amedrontado que estava, e nada mais me restava fazer. Fui deixado na esquina das ruas Mundurucus com Teófilo Conduru, na divisa entre Guamá e Terra Firme. Dei meia volta e sai para procurar uma viatura de polícia que pudesse me dar apoio! Encontrei um carro da PM que, já tendo presenciado um crime, se dirigia para a delegacia com um carro roubado que acabaram de achar, a cidade que não pára. Bem perto de onde estava há a Seccional de São Bras, e resolvi me dirigir para lá. Só para me revoltar – um único policial civil que dormitava me disse que nada poderia fazer pois estava só, e que nem mesmo ocorrência poderia registrar pois não havia escrivão. Me apontou uma fila gigantesca no hall de entrada da Seccional e disse: “estão todos esperando”, como se aquilo fosse normal. Quando questionei o que deveria fazer, o sonolento policial civil foi mais absurdo ainda: “ligue para o 190 do telefone que está naquela mesa e veja se podem lhe ajudar”. Imaginem a surpresa ao escutar um policial dizer isso, o mesmo que deveria me proteger fazendo pouco caso de mim e de todos, o “te vira” que não foi dito mas estava lá, cortante! Minha resposta a tal oferta, antes de virar as costas e sair, foi: “nada funciona nesse País”. Ele deu de ombros. No caminho de casa encontro outra viatura. Paro ao lado e peço ajuda – cordiais, perguntaram a marca de meu carro e, diante das informações que lhes passava, questionaram se me chamava Fernando Sampaio, advogado. Alívio. Ouvir meu nome da boca de um policial significava, naquele momento, que alguém estava fazendo seu serviço. Estacionei e sai para falar com eles. “Estávamos lhe procurando mas não podemos ir ao local em que você os deixou. Temos outros sete carros na mesma situação, a cidade está um inferno”. Sete carros!? SETE!!? Sete carros ainda em seqüestro, em uma noite de sábado, e eu livre já. Agradeci a e resolvi voltar para casa, acalmar minha namorada que chorava de joelhos na calçada, quando sai, e minha filha que urrava, da sacada, pedindo pelo pai. Procedimentos policiais, perseguição, tudo ficaria para depois. Agora queria voltar para casa e dizer que estava bem. O PM que me atendia ainda me ofereceu seu celular para ligar, avisar alguém, gesto simples mas fundamental prova de humanidade. Liguei para meu pai, que saberia manter a calma, e pedi que telefonasse aos demais informando que estava voltando. Voltei. Diante da casa da Tainá se avolumavam umas vinte pessoas, muitos que eu nem conhecia mas lá, dando força e fazendo vigília. De longe joguei luz, a ânsia de dizer que estava bem, que estava ali. Enquanto procurava um lugar para estacionar ouvia passos barulhentos que corriam na calçada e sabia ser minha filha. Desci e fui cercado de abraços, Tainá, sua mãe, dona Nilda, e minha filha, Maria. Choravam muito, mas me viram sem nenhuma marca, sem nenhum ferimento, vivo. Junto aos rostos dos desconhecidos encontrei o de bons amigos, como o Eduardo, major da PM que estudou Direito comigo, e do Damaso, vizinho da Tainá que, mesmo diante de mil ocupações, uma festa para organizar, parou tudo para tentar me encontrar. Logo chegaram três viaturas da Polícia Civil, chamadas pelo Eduardo, e uma da PM. Me deram todo o apoio possível e me pediram para ir à Seccional do Comércio registrar a ocorrência antes negada. Hoje, ainda capítulo doloroso disso tudo, verei fotos e tentarei recuperar o que puder, nem que seja a esperança de que algo ainda funcione nessa terra. Me disseram que se conseguir reconhecer um dos bandidos existe possibilidade de encontrar as coisas, a falta grande que sinto de meu computador, uma vida inteira, mesmo que breve, de textos e fotos, a relutância em crê-los perdidos.

De tudo isso, eu digo: não quero mais, pira paz! Não quero mais Belém, os quarenta minutos de sempre para ir de um ponto ao outro, qualquer ponto que seja; não quero mais o medo de qualquer esquina, o medo de qualquer escuro, a atenção de sempre que, um dia, sempre falha; não quero mais minha namorada que, ao me ver, chora, o medo de ter me perdido, ou a filha que nem consegue falar comigo ao telefone, nervosa, o medo de ter perdido o pai. O que resta? Um policial jogado, quase dormindo, na Seccional de São Bras, que diante da fila de pessoas sonolentas, que precisam estar ali, nada faz. Um homem concursado, treinado, pago com dinheiro do meu imposto, e que se limita a me apontar um telefone e dizer: “liga para alguém e busca ajuda”! Só faltou ele completar com um “se tu quiseres”, a frase que não ficaria mais jocosa à aquele que esteve sob ameaça, com medo.

Dessa terra não sei mais o que esperar, a notícia triste de que alguém que conheço foi baleado, a loucura diária de se morrer por nada, sem nem saber a razão.

Os depoimentos são tristes – Damaso informava que no prédio dele, diante do da Tainá, TODOS já haviam sido assaltados da mesma forma, e que ele só esperava a sua vez. Eduardo, major da PM, e Fernando Sampaio, policial federal que tem o mesmo nome que eu, enquanto me ajudavam relatavam seus seqüestros. Carro blindado? Para quê? Eles te pegam na saída, o pulo gatuno da sombra que te pega de surpresa!

Dessa terra não sei mais o que esperar, e nem sei se ainda quero esperar algo, a espera eterna que se torna cansativa e enfadonha, a espera que um dia as coisas possam ser diferentes, a solução que nunca chega. Na Seccional do Comércio, uma policial triste me dizia – “a gente prende hoje e, amanhã, eles estão na rua fazendo tudo de novo”.

Agora, com a cabeça fria, fico pensando em diversas reações que poderia ter tido: com as portas traseiras travadas, poderia tentar correr, alguma artimanha na hora em que vi uma viatura policial; alguns anos de judô me dão a certeza de que facilmente poderia ter derrubado o rapaz que estava com a arma, uma desatenção qualquer dele que lhe seria fatal; ou quando me deixaram, que saíram andando normalmente bem na frente do carro – com o bom motor do meu citroën ligado, poderia ter passado por cima deles, especialmente daquele que sabia estar armado. Mas nada disso é racional, tudo são suposições baseadas na revolta que nos aflige depois do fato – certamente não teria sido rápido o suficiente e acabaria sendo baleado se tentasse sair do carro; um deles poderia ter outra arma não mostrada, e mesmo que eu derrubasse um, não teria como lutar contra os três; passar por cima deles, mesmo que fosse a opção mais racional dentre estas, vai contra minha humanidade: não sou um assassino e meu instinto é de preservar vida, não tirá-la (além do mais, sejamos corretos – os bandidos foram até gentis comigo. Passar por cima deles seria deselegante). Além disso, eles estavam no seu setor e, certamente, deviam ter alguém mais que lhes desse cobertura na fuga.

Correta está Tainá: “sua reação foi acertada, prova disso que estas aqui conversando comigo, sem nenhum ferimento, sem nada”.

E assim seguimos, tendo sorte. Tive sorte dos bandidos terem aceitado que Tainá ficasse. Tive sorte de ter mantido a calma e conseguido pensar, não reagir de forma tresloucada. Tive sorte de, dentro do possível, ter encontrado ladrões minimamente profissionais e centrados, não uns nervosos drogados, o dedo leve no gatilho que poderia colocar fim na minha vida por um “ai” qualquer. Sim! Tive sorte. Mas até quando?


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um texto teimoso

Hoje eu publicaria um texto.
Hoje, quem sabe, eu ainda publicarei um texto.
De concreto posso dizer que um texto está pronto, escrito de um fôlego só, mas ele se recusa a ser aberto neste meu computador.
Assim, mais tarde, de noite, tentarei publicar esse um texto teimoso, justamente um texto que fala sobre teimosia.

Seminário de Direito Eleitoral

Começou ontem, mas somente hoje fui informado. Não percam.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Relato da briga de vizinhos

Por sugestão de Renato Ribeiro,

Sérgio estava traindo a mulher que grita, da qual não sei o nome. E parece que Sérgio já teve algo com a irmã da atual amante. As irmãs: a atual, Valéria; a ex-namorada Vanessa. A mulher que grita parece sofrer muito. Seus gritos são escutados na rua onde se forma pequena platéia. A mulher que grita deve ter razão, pois que Sérgio nem parece interessado em falar ou se explicar - diante dos gritos cheiros de dor ele cala. Coisas são jogadas, escuto o barulho de coisas que se quebram. A platéia na rua vibra e ri. Por fim, um batida de porta e Sérgio sai. Não fui à janela e não sei quem Sérgio é, qual seu carro. Só sei que ele saiu e a mulher traida chora alto, e fala coisas que não entendo. Sinto pena e a platéia na rua se calou. O choro é cheio de dor e a ninguém interessa rir da dor dos outros...

P.s.: a mulher traída, da qual não sei o nome, ainda chora muito, e muito alto. E nem precisei sair da minha cadeira para escutar a tudo que acontecia. Tudo me veio como um tapa na cara trazido pelo vento.

Belém, 09 de maio de 2010, às 23 horas e 54 minutos.

sábado, 1 de maio de 2010

Grosseria de Val-Andre Mutran

Amarilis Tupiassu, minha mãe, teve entrevista publicada no jornal O Liberal sobre a divisão do Estado do Pará. Deu sua opinião e foi agredida de forma rasteira pelo jornalista Val-Andre Mutran, do blog Pelos Corredores do Planalto. O texto do agressor:

A verborragia de Amarilis Tupiassu
Publicado por Val-André Mutran as Sexta-feira, Abril 30, 2010
A professora da Universidade Federal do Pará Amarilis Tupiassu, deu uma aula magna de ignorância ao conceder entrevista a um jornaleco do Pará. Ao comentar a razão pela qual não quer nem ouvir falar sobre a divisão de "seu" Estado, Tupiassu, alega sem qualquer fundamento, que quer o Pará vasto, lindo e unido. O Pará já não é lindo professora; sua vastidão representa pobreza e exclusão; o Pará não está mais unido há décadas, sábia mestra. A senhora vive na ilha da fantasia? Ou é de sua índole a verborragia? Procure estudar antes de falar tantas asneiras. Isso é uma vergonha para uma acadêmica! Aproveitando o assunto, publico artigo do jornalista João Batista Silva, de Marabá, sobre o que ele pensa da raivosa entrevista publicada num pasquim que frauda o IVC na Capital da Ilha da Fantasia.

Em seguida, Val-Andre publicou o texto do Jornalista João Batista Silva, este sim um texto contrário e educado, civilizado. À agressão seguiu meu comentário:

Val-Andre, Val-Andre... Que grosseria. Esperava de você uma crítica que se mostrasse contrária, uma crítica com idéias, erradas ou não, mas as suas. Certamente seria respeitada, assim como esperava que respeitasse a crítica que minha mãe fez, corretamente sem ofensas ou baixarias. Venho lhe acompanhando faz algum tempo no Flanar e, realmente, adoraria ler, aqui, algo contrário ao que minha mãe escreveu. Mas não esperava esse nível. Por respeito peço: se não pode fazer um texto sem ofensas, não o faça. Sim! Se a única forma de mostrar sua opinião é ofender uma pessoa que você nem conhece, que nunca ofendeu ou fez mal a ninguém, e que somente expressou suas opiniões, não mostre.

Realmente uma pena, mas fica claro que quem não tem mais argumentos para discutir parte para a agressão barata e mesquinha, desprovida de idéias e da mais rasteira civilidade.

Engraçado que esse é um tema polêmico, cheio de discussões acaloradas, idealizadas e fundamentadas, mas é a primeira vez que vejo esse nível de baixaria. Por que a crítica que minha mãe fez lhe tocou de tal forma? Se você se sentiu ofendido por alguma coisa que ela disse, que tal conversar, argumentar?

Se quiser, não precisa publicar isso. E por favor, não considere esse comentário como um ofensa ou me responda com palavrões ou insultos. É apenas a minha opinião.

E ainda postagem no Blog da Franssinete Florenzano.

Não à intolerância e à barbárie

Amarílis Tupiassu, doutora em Letras e professora da UFPA, foi entrevistada por O Liberal na edição da quarta-feira, 28, e se posicionou contra a divisão territorial do Pará. De forma coerente e educada, alinhou suas razões, brandiu seus argumentos, terçou armas usando a inteligência e sua linha de pensamento. Exercitou, enfim, a cidadania. Foi o suficiente para ela ser violentamente atacada, ontem, no Blog Pelos Corredores do Planalto.

Penso que é preciso respeitar os pensamentos contrários, debater sempre no plano das ideias, conviver e aceitar as diferenças. É crucial, sobretudo, exercitar a tolerância e o bom senso. Não assiste razão a quem, ao invés de expor civilizadamente o porquê de suas convicções, derrubar a argumentação contrária através de fatos e fundamentos, parte para a agressão pessoal.

O assunto está bombando no twitter.

Uma pena tal falta de respeito, grosseria injustificada que, como disse Ney Messias em comentário no Blog da Franssinete, desqualifica o agressor. Fico agora esperando as ofensas que ele deve usar contra minha opinião.