quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Agosto, mês do desgosto?

Belém, 05 de agosto de 2010

Tudo começou em Roma - O Imperador Augusto, que não queria ficar atrás do Imperador Júlio César (que já “tinha” o mês de julho a lhe homenagear), determinou a criação de seu próprio mês, o oitavo do ano, que também teria 31 dias e se chamaria agosto - do latim Augustus. Ou seja: o mês de agosto tem origem na mais pura inveja entre os Imperadores romanos, os homens mais poderosos de seu tempo.
Mas isso, por si, não justificaria a fama de mês aziago, de período em que tudo de ruim pode acontecer.
A má fama surgiu junto com as grandes navegações ibéricas e ficou arraigada na cultura dos países colonizados por Portugal e Espanha. Como o inverno terminava em março, desde abril os ibéricos tinham tempo para cultivar a terra e engordar seus animais, tudo isso para que, em agosto (o último mês com tempo bom), os porões dos navios estivessem supridos com as provisões necessárias a fazê-los zarpar antes de novo tempo ruim.
E a partida dos navios significava, para muitos, nunca mais voltar, nunca mais ver ou abraçar os que ficavam. Fernando Pessoa disse: “Ó mar salgado, quanto de teu sal são lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram, quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó mar...”. Assim, agosto era o mês de azar para muitos, mês em que veriam, pela última vez, os seus.
A crença de azar veio até hoje - conheço pessoa que não viajam, não se casam e nem fazem negócios no mês de agosto – uma questão de fidelidade ao mito que nem sabem explicar. Na Argentina, inclusive, os mais velhos aconselham a não lavar a cabeça no oitavo mês sob o risco de atrair a morte para si.
Na internet, é fácil encontrar diversos sítios que relatam os azares do mês. Um deles, inclusive, se preocupou em listar diversos acidentes, tragédias, falecimentos ou fatos estranhos ocorridos em agosto, como se os mesmos fatos não pudessem ser encontrados nos outros 11 períodos do ano – e bastaria simples busca para se chegar a esta conclusão.
Vamos agora à porção pessoal do texto: hoje é cinco de agosto, aniversário da minha irmã mais nova, parte linda da minha vida. Ela ter nascido significa minha mãe ter sobrevivido, vitima de erro médico estúpido e covarde durante o parto, mulher enfraquecida ao quase não ter mais sangue e que sobreviveu sem que nem soubéssemos como.
Uma nasceu e outra sobreviveu, ambas surgidas de forma tão agradecida, e por isso o mês de agosto é, para mim, um dos mais belos do ano, o mês das festas alegres e de ver crescer e de sentir estar perto.
Assim, renego-te mês de agosto como de desgosto.
E parabéns, Luanda; e parabéns, mãezinha.
Feliz agosto, mês de vocês e de todos que têm a sorte de tê-las.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho motiovos pessoais para gostar de agosto. rs

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