domingo, 13 de março de 2011

Se vestir para a morte

Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, em 19 de maio de 1890. Decidiu morrer em Paris, em 26 de abril de 1916, com poucos 25 anos de idade. Para isso ele escolheu o Hôtel de Nice, em Montmartre, e cinco frascos de estricnina. Convidou José Araujo, seu amigo, para ser testemunha de sua morte.
O amigo partiu depois da morte e não avisou sobre o ocorrido. E como Mário esperava ser encontrado logo, havia vestido sua melhor roupa para criar bom efeito quando fosse encontrado. 
Ocorre que os planos falharam e demorou para que notassem sua falta, o que resultou em uma cena terrível: o corpo, já completamente desfigurado pelo avanço da morte, estava ainda maltratado pelos efeitos devastadores do veneno. A roupa de gala, que deveria causar boa impressão, estava completamente rota e manchada, desfigurada como o dono.
P.s.: Mario de Sá-Carneiro foi poeta, contista e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d´Orpheu (Wikipédia).