quarta-feira, 6 de abril de 2011

As regras

Panorama. Holofote. Felipe Patury. Revista Veja desta semana.
A nota segue um roteiro imprevisível e começa deixando algo claro:
"Até os adversários do diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o reconhecem como um dos quadros de maior competência da estatal". Maravilha! Significa dizer que o cara é bom e que mesmo quem não gosta dele o admira. Segue a nota: "Apesar disso, sua permanência no cargo não está garantida."
- Poxa, que pena! - deve pensar quem concorda que perder um dos quadros de maior competência é algo triste e indesejável, ainda mais em uma empresa como a Petrobras. E por que o perderemos? "De acordo com Palocci [ministro da Casa Civil], Costa tem muitos apoios políticos, mas não os adequados."
Mas ele não é reconhecido pela sua incrível competência, mesmo por seus adversários? E o que seriam apoios políticos inadequados?
"Ele chegou ao posto graças [à] (...) ala do PP envolvida com o mensalão e chefiada pelo falecido deputado José Janene (PR). No último governo, recebeu também o aval da ala mensaleira do PT e do PMDB do Senado."
Então ele teve apoio de gente ligada ao PT, que agora é criticada e afastada pelo próprio PT, e acabou se mostrado "um dos quadros de maior competência da estatal". E agora, como resolver esse impasse?
A solução: "Alertado por Palocci, o líder desse partido [PMDB] na casa, Renan Calheiros (AL), tenta encontrar o endosso certo para o diretor."
Mas então eu pergunto: o endosso certo já não foi encontrado? Não seria a reconhecida competência? Afinal, o homem é considerado, mesmo pelos adversários, "um dos quadros de maior competência da estatal"? Não há mérito nesse reconhecimento ou o mérito é somente o endosso correto? E que dizer do endosso anterior, que seria razão mais do que suficiente para um afastamento ou, mesmo, uma não nomeação?
O fato é que nada muda, continuam as mesmas regras (e a crítica vale para todos os partidos e para todos os níveis de governo): fica quem tem o apoio correto e dane-se o mérito!
Quem não tiver apoio roda, mesmo que seja "um dos quadros de maior competência da estatal" - o que, em se tratando de Petrobras, significa muita coisa.

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