Segundo
o Mapa da Violência divulgado em 2012 pelo Instituto Sangari, em 30 anos, entre
1980 e 2010, a taxa de crianças e adolescentes assassinados no Brasil cresceu
346%. Foram 176.044 mortes por homicídio nesse período.
Somente
como comparação, na Guerra do Vietnã, que durou 20 anos - entre 1955 e abril de
1975 - morreram 58.220 norte americanos. Ou seja, o número de crianças e adolescentes mortos no Brasil, em 30 anos de
paz, é três vezes maior do que o número de soldados norte americanos mortos em
20 anos de guerra.
Percebam que, por enquanto, estou falando somente de crianças e adolescentes.
A
coisa fica mais chocante se pegarmos o total de homicídios no Brasil, país sem
disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civil, enfrentamentos
religiosos, raciais ou étnicos: 1,091,125 vítimas de homicídio nos mesmos 30
anos - 1980 a 2010.
Entre
2004 e 2007, nos 12 maiores conflitos armados registrados no mundo, Iraque
[76.266 mortos], Sudão [12.719 mortos], Afeganistão [12.417], Colômbia [11.833],
Rep. Dem. do Congo [93347], Sri Lanka [9.065], Índia [8.433], Somália [8.424],
Nepal [7.286], Paquistão [6.581], Índia/Paquistão (Caxemira) [4.956] e
Israel/Território Palestino [2.247], temos um total de 169,574 homicídios
(fonte: Global Burden of Armed Violence, divulgado pela Geneva Declaration
Secretariat – www.genevadeclaration.org).
No
Brasil, no mesmo período, 2004 a 2007, foram 192,804 homicídios – registros gerais. Matamos mais do que os 12 maiores conflitos armados do mundo. Inacreditável!!
E o Pará, que em 2000 teve 806 homicídios, em 2010 registrou 3.482 –
crescimento de 332% em dez anos. Perdemos somente para São Paulo (5.745), Bahia
(5.288), Rio de Janeiro (4.193) e Minas Gerais (3.538).
E
o Pará, que em 2000 teve taxa de 13 homicídios por 100 mil habitantes, em 2010
teve taxa de 45,9 homicídios por 100 mil habitantes. Perdemos somente para
Alagoas (taxa de 66,8) e espírito Santo (50,1). Em 2000 ocupávamos a 21ª no
ordenamento de UF por taxas de homicídios. Hoje estamos num honroso (?)
terceiro lugar.
No
mesmo período, 2000-2010, Belém teve um aumento de 128,9% no número bruto de
homicídios. Em 2000 foram 332 vítimas, quase uma por dia. Em 2010, passamos para
760 vítimas, duas por dia. Usando o mesmo critério, número bruto de homicídios,
a Zona Metropolitana de Belém teve um aumento de 383,5% nos mesmos 10 anos – só
perdemos para a Zona Metropolitana de Salvador, com aumento de 493%.
Somos
a oitava capital onde mais se morre de morte violenta, usando-se como critério
a taxa de homicídios por mil habitantes (somente para comparar, Rio de Janeiro
é a 23ª. São Paulo é a 27ª).
Tudo
isso, dados brutos e friso, interpretados em planilhas e relatórios, acabam se
revelando de forma cruel na nossa vida por meio do medo. MEDO.
O
IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em pesquisa de 2010 na qual
perguntava aos entrevistados sobre o grau de medo em relação a serem vítimas de
assassinato. O resultado é alarmante: no Brasil, 79% da população têm muito
medo de ser assassinada; 18,8% pouco medo; 10,2% manifestou ter nenhum medo. Em
outras palavras: oito em cada 10 brasileiros têm muito medo de fazer parte das
assustadoras estatísticas acima.
Mas
vamos às boas notícias, pois, sim, também temos algumas boas notícias.
O
número e taxa de homicídios no Brasil vinham em crescimento constante desde
1970, 13.910 homicídios, com taxa (em 100 mil) de 11,7. Tais números seguiram em franco crescimento até 2003, quando chegaram ao auge,
51.043 homicídios, taxa (em 100 mil) de 28,9. A partir de então, começaram a
apresentar pequena queda e relativo equilíbrio até 2010, data do relatório:
49.932 homicídios e taxa de 26,2.
Será isso um bom sinal? Precisamos de um...
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